segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Vale a pena mudar.

Recentemente passei por uma daquelas mudanças pequenas de um apartamento para outro. Pequena porque acredito que existem tipos diferentes de mudança. Mesmo bairro, tirar um móvel aqui, outro ali, mudança pequena. Sair de cidade, vender tudo, comprar coisas novas, mudança grande. Já a minha era daquelas tão pequenas que carreto só é necessário se você não tem saco de levar uma cama nas costas. No meu caso, eu não tive foi costas mesmo. Tudo correu bem, foi barato, rápido e, como sempre, alguns móveis riscaram. Aliás, é incrível a capacidade que esses carretos têm de só riscar as partes dos móveis que ficam expostas para todo mundo perguntar: Por que você não levou a pé? Certeza que não iria riscar.

Bom, e foi após essa mudança que eu percebi uma coisa: somos extremamente dependente de coisinhas, parafusinhos e cabinhos para vivermos melhor. Na boa. Coisas que você na hora da mudança nem pensa em guardar, mas depois que muda para um novo local percebe o quanto aquilo era importante. Assim, não dá pra abir lata com o dente, nem lavar roupa sem um cabinho que sustenta o varal, muito menos ver Tv sem aqueles fios todos. E sim, você vai encontrar função para aqueles adaptadores de antena. E benjamin? Guarde todos eles, se quiser continuar sendo alguém.

Mudar de apartamento realmente é um recomeço. O que era um armário agora é só madeira e parafuso. A sua vida realmente muda de verdade. Quer um baita exemplo? Programação de Tv. Como eu não me precavi com tanto detalhezinho, fiquei sem antena coletiva. Para pagar esse pecado grave que cometi, alguém lá de cima me deu direito às programações de Tv Aberta. Nada de Globo, Sbt, Bandeirantes. Isso tudo é luxo. To falando é daqueles Rede Vida, Canal 21, Tv Mulher e outros milhares de canais tranqueiras que não sei como pegam melhor que os canais convencionais. Vai entender os milhões gastos em qualidade do sinal.

Bem, como à noite preciso de um estímulo para pegar no sono, costumo ver um pouquinho de TV antes de dormir. Por enquanto, a Globo é campeã de me deixar palitinhos nos olhos. Imagina então esses novos canais tranqueiras, foi o que pensei. Grande equívoco. Nunca demorei tanto para pegar no sono. Gente, esses canais são o máximo. Ninguém repara neles, coitados, mas são tudo de bom. Mudaram minha vida.

Sério, se você acha que programa de ação é esse tipo de seriado bobo com um negão e um branquelo virando dupla policia, é porque nunca viu os programas de produtos que existem por aí. Aqueles estilo George Foreman Grill, Auri Shine, meias vivarina, sabe? Aquilo sim é emocionante. Pra não dizer humilhante.

Repara só. Não exitem mocinhos e bandidos. Mas existe os espertalhões e os babacões. Cada um tem um grupo. Daí chega o apresentador, que está no grupo dos espertalhões, e promove uma espécie de competição entre as pessoas. Algo do tipo quem faz mais rápido algum tipo de coisa. Os babacões são sempre os caras que usam outro produto que não seja o anunciado. E daí começa a humilhação.

- Ôpa, parece que meu churrasco está pronto. E o seu Alaôr?
- Nossa, o meu nem começou a esquentar.
- Olha lá, hein. O seu pessoal vai ficar com fome.

Aí o que perde fica desesperado se lamentando. Afinal ele é um babaca. Não usa o produto anunciado.

- Ô Alaôr, desse jeito o pessoal vai embora do seu churrasco - fala o apresentador depois de retirar um imenso e suculento pedaço de carne do ultra mega super cozinhador de carne.


Por que ele não usou o produto certo, meu Deus? É tão prático, econômico. Seria ele um dinossauro do churrasco? É o que parece. Nesse momento, as pessoas que estavam no grupo do Alaôr vão pra mesa do apresentador. Olha a que ponto chegamos. Um pedaço de carne mais rápida e ganhamos um rapaz humilhado que tinha boa vontade de servir os amigos. Quer dizer, ex-amigos.
Amigos de verdade tem o cara que usa o produto. Claro, ele é muito mais esperto, seguro de si, confiante. As pessoas precisam disso num amigo. Não um cara que leva 10 minutos assando uma linguiça. Esse já era.


Isso sim é algo legal pra se ver na TV. É muito mais a vida real. Que graça tem você se interessar por um carinha que resolve todos os problemas do mundo, explodindo o mundo? Você nunca vai ser assim. Mas você pode ser o cara da churrasqueira moderna. Você pode causar frisson assando uma linguiça. Nada de explosões, sangue,manchas. Até porque, existe uma camada de gordura não deixa isso acontecer.

Este tipo de programa consegue reunir todos os pecados capitais ao mesmo tempo: inveja, ira, gula, cobiça, luxuria e por aí vai. Tá tudo ali. E se é pecado capital, vale o nosso interesse.

Bom, minha TV voltou a funcionar normalmente. Nada mais tem graça. Cadê o pessoal competindo pra ver quem limpa mais rápido o carro? E o babaca que não consegue dormir porque não usa o tal travesseiro? E a espertalhona que está cheia de amiga porque consegue limpar a casa rapidinho. Eu precisso desse tipo de coisa. Isso me faz feliz. É a desgraça real das pessoas. Somos movidos a isso, caramba. É muito bom ver o cara se contorcendo de ódio porque não quis gastar míseras 3 parcelas de R$ 78,90 para um óculos que não deixa passar nenhum raio infravermelho. Agora tá lá, com o olho todo ardendo enquanto o amigão desfila cheio de loiras dos anos 80.

E você perdendo tempo com a “vida real” do Big Brother.

4 Comments:

At 16:46, Blogger Ana Yazlle said...

Apesar de só assistir à TV Cultura, eu vi essa competição do churrasco :p

 
At 18:09, Anonymous Anónimo said...

Faz-se carreto (11) 5666-1300.
Parcela-se em 3 vezes sem juros.
Não rala-se móveis.

 
At 12:22, Anonymous Anónimo said...

esse eh o melhor q eu ja li aki no site!

 
At 12:23, Anonymous Anónimo said...

ou no blog... sei la...

 

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