Namorada do chefe

Ela estava adorando aquela história de namorar um chefe de cozinha. Confit de canard, raviolini de parma, trutas com patê de pêra e gorgonzola, sorbet de manga com trufas, carpaccio de abacaxi. Até outro dia, receitas desconhecidas. Hoje, banquetes praticamente diários.

Mas nem tudo era uma maravilha como um pavê de sonho de valsa ou uma torta mousse. Comendo tanto, ela, que era uma típica gordelícia, deixou de ser uma gordelícia: passou a ser apenas gorda. E aí, tal qual um bolo com pouco fermento, o relacionamento murchou.

Ela então resolveu fazer dieta. Mas como fazer dieta quando seu namorado entende tanto de cozinha quanto um homem normal entende de futebol? Foi a primeira vez na vida que ela ficou triste por um namorado não gostar de futebol. Tantas vezes tinha reclamado por ter sido trocada por um mero Palmeiras x São Paulo e hoje ela adoraria que ele soubesse a escalação do Palmeiras ao invés de saber todas aquelas receitas que ele sabia.

Já que o regime não funcionou, teve outra idéia: esconder os ingredientes mais, digamos, engordativos. O leite condensado foi fácil. Escondeu no armário do banheiro. O chocolate também. Deu pra empregada. Agora, o que fazer com um joelho de porco, meio quilo de paio, feijão preto, couve picadinha, 3 laranjas e lombinho, além de uma bela feijoada?

As estratégias iam por água baixo. O corpo dela também. Nem mesmo os menus lights que o namorado passou a fazer ajudaram. Salada de rúcula com mirtilos, atum com gergelim, frango com vinho tinto. Nada ajudava. Foi então que ela tomou uma atitude: greve de sexo enquanto não perdesse os 8 quilos a mais que exibia.

Se funcionou? Bom, ela continua comendo. O chefe não.