sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Versão paulistana de um romance de carnaval

Se conheceram num Carnaval. Numa terça-feira de carnaval, pra ser mais exato. Mas não foi um desses romances típicos de carnaval, com ela fantasiada e ele completamente bêbado. Não. Os dois odiavam o carnaval. Tanto que naquele ano resolveram ficar na cidade, para aproveitar as avenidas vazias, os cinemas vazios, os shoppings vazios e todos os outro lugares bacanas que em qualquer outra época do ano costumavam ficar cheios, mas só de gente vazia.

Ele estava rumando para o seu quinto evento cultural do feriado. Depois de uma passada no Museu Afro-Brasileiro, uma espiadinha no fantástico La Chapelle no Mube e dois filmes (Desejo e Reparação e A Vida dos Outros), ele agora ia ver a exposição Futuro do Presente, que, apesar de ter lido críticas e mais críticas a respeito, não sabia muito bem do que se tratava.

Ela estava na mesma Av. Paulista, mas seu destino não era cultural, era gastronômico: finalmente, depois de 29 anos morando na cidade (ou 27, como ela gostava de dizer, já que não considerava como vida os dois anos de cursinho antes de entrar em medicina) ela iria provar o famoso bauru do Ponto Chic.

Eis que, ali perto da praça Oswaldo Cruz, onde ele tinha acabado de saltar do CEASA 447-A, ela perdeu o controle de sua bicicleta, caindo com tudo no chão. Apressados, os pedestres nem perceberam. Ele, que nunca agiu igual à massa, percebeu. E delicadamente perguntou se ela precisava de ajuda. Sem desviar os olhos de seu joelho ralado que começava a sangrar, ela aceitou a ajuda e esticou seu braço, para ser erguida. Um simples gesto, mas o suficiente para ele conseguir puxar a alça da bolsa dela e sair correndo pela avenida.

Mais um crime do assaltante que gostava de museus.

13 Comments:

At 18:28, Blogger lau said...

pára tudo!!! do jeito que estou hoje, preciso de um final feliz, acreditar que o amor existe...

e obrigada pelas referências, menino, eu sei que moro no seu coração!!!

bjos

 
At 19:07, Anonymous Anónimo said...

nao seria 477-A ?

 
At 16:51, Blogger semudei said...

Verdade, 477-A. Erro de digitação. Mas não vou consertar no texto: fica como licença poética. hehehe

 
At 18:05, Anonymous Anónimo said...

bom demais lui! Excelente!!

 
At 19:10, Blogger Maurício Meirelles said...

CARA, SENSACIONAL AO EXTREMO!!!

Muito bom mesmo....muito muito.

Parabens! Du caralho.

 
At 15:16, Anonymous Anónimo said...

Sensacional, o final foi surpreendente, mas adorei mesmo o fato de diminuir a idade por conta do cursinho rsrsrrs. Já adotei e vou diminuir 4 anos por conta da Facu - Matemática ninguém merece rsrsrsrs.

 
At 19:53, Anonymous Anónimo said...

Snif! Snif!
Esse é meu fim!

 
At 19:58, Blogger Unknown said...

mas se ele era ladrão de museu, podia ter roubado moça também, nao?
o final é muito mais feliz do que começo porque é péssimo pensar que um amor de carnaval que começa na terça com os pombinhos ainda sóbrios pode dar certo rsrsrs

 
At 09:56, Blogger Fecespedes said...

Pareceu o meu carnaval esse, comida e eventos culturais...


boa, menino, se acabasse feliz seria uma bosta...Vc colocou uns 15clichês no meio, mas escapou bem no final!

E outra, nao me veia com erro de digitação não. Vc nunca pegou ônibus na vida, preibói!

 
At 10:07, Blogger semudei said...

Opa, 477-A Ceasa eu pegava todo dia pra voltar do Bandeirantes, meu amigo. Preibói é o caralho.

 
At 21:23, Blogger Douglas Kawaguchi said...

Duca, caro Menino!
Duca, nada mais, nada menos.

 
At 23:58, Blogger Bigode said...

Surpreendentemente surpreendente. Mas no me gustou...

 
At 10:53, Anonymous Anónimo said...

Mto bom o texto! Esse é bom jeito de conseguir dinheiro para fazer tantos passeios culturais e gastronômicos... Boa idéia!

 

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