quinta-feira, maio 25, 2006

Vida de desempregado não é fácil

Olha, vida de desempregado não é mole não. Tem muita gente por aí dizendo que daria tudo pra poder ficar em casa, pra não ter que trabalhar nunca mais. Eu confesso, também sou um deles, aliás, esse meu dolce far niente (italianos de plantão, me corrijam se eu estiver errado. As aulinhas de italiano do Dante já foram esquecidas) atual é fruto dessa minha revolta com o sistema. Ficou meio marxista isso, não? Deixa assim.

Como eu dizendo, não trabalhar é ruim. Isso mesmo, não trabalhar é ruim. Quer que eu repita? Não trabalhar é ruim. Quando você trabalha, por mais que seja num lugar sem rotina, como em uma agência de publicidade (rá, essa foi boa), você já sabe mais ou menos o que esperar de um dia. Nada sai muito do esquema reunião-almoço-hum, que soninho-reunião-hora de ir embora. Imprevistos acontecem, mas a verdade é que entre 9h e 19h, você não espera muitas surpresas.

Quando você está desempregado, tudo muda. Pra falar bonito, sua vida vira um rizoma. Sem ordem, sem hora, sem começo, sem fim. Vira tudo um grande “meio”, as atividades se conectam, da mesma forma que não tem nada a ver uma com a outra. Além disso, ainda tem outra coisa importante: o tempo. Quando você, em tese, não tem nada pra fazer, você quer fazer mil coisas, pra, como dirá minha tia-avó, “fazer render o tempo”. “Nossa, são 11h30 ainda e eu já fiz tanta coisa!” É uma situação meio ilusória e tals. Você acaba se cansando mais do que quando trabalhava.

Bom, o que eu quero dizer com tudo isso, é que eu não agüento mais. Sério, minha vida tá muito ruim. Terça-feira, por exemplo. Acordei, um frio do cacete. Coloquei uma roupa por cima do pijama e fui pra faculdade. Voltei pra casa, li uns dois capítulos de um livro que comprei. Vi um pouco de tevê. Fui pra uma aula de conversação de inglês com um professor meio bichinha. Voltei,vi um documentário sobre focas no Discovery (eu não sabia que elas eram tão inteligentes), tomei um lanche com mamãe e papai, com direito a carolinas, aquele pãozinho egg e leite, sem nescau, chocolate engorda e com o frio que tava, resolvi desencanar de jogar tênis. Opa, peraí. Acho que me confundi. Acho que ia jogar tênis na segunda. Ou foi ontem? Mas ontem eu não fui na aula? O documentário era sobre focas ou sobre o WTC? O professor era bichinha ou eu que sou bichinha? Tá vendo, são coisas tão diferentes, que eu não tenho a mínima idéia de quando, como, e porque eu fiz.

Agora, to escrevendo esse texto em Word, pra depois colocar no blog. Mas, se eu quiser, eu vou almoçar e coloco só depois. Ou nem coloco. E ainda tenho toda a tarde livre. To na dúvida entre ler um livro foda ou ir a uma exposição. Ou ficar na internet bundando. Já falei que vou viajar em julho?

É, essa vida sem regras tá me deixando meio confuso. É por isso que quero voltar a trabalhar urgente. Péra: é trabalhar ou viajar que eu quero? Pô, mas eu não vou viajar em julho? Quem falou em trabalhar?

5 Comments:

At 12:28, Blogger Ditchos said...

Lui, Freud já dizia: o ser humano nunca está satisfeito.
(não sei se foi mesmo Freud que falou isso, mas achei que passava credibilidade).

 
At 14:37, Anonymous Anónimo said...

Ôh vida, ôh azar

 
At 17:19, Anonymous Anónimo said...

Consigo só responder uma das perguntas: Vc é a bixinha.

 
At 19:36, Anonymous Anónimo said...

Quer o meu emprego?

 
At 20:38, Blogger Unknown said...

Tô desempregada e nem facul eu faço. Quem tá pior?

 

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