É bom, mas
Locadora pequena nunca tem filme ruim. Pode ser sábado chuvoso, um puta dia propício, ou qualquer outro dia. Pode apostar, sempre tem filme legal. Não que eu ache isso. Pra mim, sempre é difícil achar um filme bom. Fico na dúvida, leio sinopse, pego outro, faço o diabo. São os donos/ atendentes/ balconistas das locadoras que acham isso.
Pode checar. É pegar um filme, olhar pra caixinha com cara de “levo ou não levo” e eles já vem atirando. “Esse filme é bem legal, viu?” E eu dou corda. “É mesmo?” Pronto, fudeu. O cara vai exercitar todos os dotes de Rubens Edwald Filho que ele acha que tem. “É, é legal. Mas é comédia romântica, né?” Eu faço um não com a cabeça, comédia romântica não é a minha praia. Filme de amor não é a minha praia. Aliás, filme que tem amor no nome não é minha praia. “Simplesmente amor”, “De repente amor”, “Meu primeiro amor”, “Um amor de verão”, etc, etc, etc. Tudo bem que as vezes isso é culpa da tradução. Anyway. Se tem amor, só pode ser um horror.
Enfim, todos os filmes da locadora são bons. Mas. É, é bom, mas. É bom, mas é comédia romântica. É bom, mas é meio picante. É bom, mas é uma história triste. É bom, mas é meio Steve Martin, sabe? Pra eles, bom é quase um advérbio. E como todos são bons, logo, todos são ruins. Não é mais fácil dizer “É uma comédia romântica legal”? Já que o bom não significa nada, nem precisa falar que é bom então, oras. Céus.
E até parece que esses atendentes viram todos os filmes que tem lá. Tudo bem, tem sempre algum filme passando naquela tevezona que fica num suporte grudado na parede. E das 10h até as 17h, eles não tem muito o que fazer, a não ser alugar fita de Playstation pra mulecadinha. Tá, eles até têm tempo de ver filme. Dúvido é que eles tenham saco.
E outra, pra assistir e depois falar “É bom, mas”, nem assiste. Desculpa, mas nem assiste.
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