segunda-feira, abril 20, 2009

Ele

Errou. E ligou e chorou e sofreu e foi atrás e falou coisas que nunca imaginou que seria capaz de dizer e buscou as palavras que melhor expressassem o que ele queria falar. E ouviu Roupa Nova durante uma tarde inteira e depois percebeu o quão ridículo e brega era curtir uma fossa ouvindo Roupa Nova. E jurou e prometeu que nunca mais faria aquilo e mostrou pra ela e pra todo mundo que poderia ser diferente. E comprou flores e escreveu cartas e leu livros atrás de inspiração. E fez poemas e escreveu no blog e mandou o motoboy levar um urso enorme, daqueles que deixam a pessoa que recebe completamente envergonhada. E usou e abusou de sms e msn e até tele-mensagem. E entrou no orkut e deixou recado e ficou esperando ansiosamente pela resposta. E esperou ela ligar e esperou ela voltar e esperou ela perceber que ela era a única coisa que fazia sentido para ele naquele momento em que o simples fato de existir já era para ele um enorme problema existencial. E ela voltou e sorriu muito mais do que chorou e de tanto se esforçar para mostrar que não estava feliz, conseguiu. E ele continou a fazer o mesmo e não se arrependeu de tentar mostrar pra ela que ele podia ser quem ela queria sendo exatamente quem ele era.

terça-feira, abril 14, 2009

Da finitude dos relacionamentos e da nossa recusa em aceitá-la

Por menor que seja, toda mudança é um final. Muitas vezes, tão acostumados que estamos com uma situação, nem percebemos que ela poderia ser diferente. Não necessariamente melhor ou pior. Apenas diferente. Estar acostumado não significa que você gosta ou não gosta de fazer alguma coisa. Você faz porque aquilo se tornou algo natural. Você faz por inércia. Você faz sem perceber, sem julgar, sem nem notar que poderia fazer diferente, que poderia começar de novo, que poderia mudar.

É por isso que nos sentimos tão perdidos quando um relacionamento acaba. Qualquer relacionamento; mesmo o trabalho mais chato do mundo, aquele que você não via a hora de deixar pra trás. Quando você sai, quando tira férias, aquele trabalho te modificou tanto que você não sabe mais direito o que fazer sem ele.

Ou aquela namorada, que controlava cada passo seu, que controlava a estação de rádio que você ouvia, que sempre definia para onde vocês iriam no feriado. Assim que acaba, você fica perdido, sem saber de que música gostar, a que praias deve ir, que passos deve dar.

Todos os relacionamentos acabam. Até mesmo quando não acabam. Eles mudam. E toda mudança não deixa de ser um novo início. Simplesmente nos recusamos a aceitar isso.

Muito acreditam que o fim não existe, que nem menos a morte é um fim. Acredito no oposto: a vida é feita de muitos finais. E, claro, de muitos inícios. Embora seja lindo celebrar o início de um novo ano, o início em um novo emprego, o início de uma nova relação, são os finais que marcam mesmo as nossas vidas. São os finais que nos fazem refletir, e não os inícios.

É uma pena que não saibamos valorizar os finais.