terça-feira, agosto 28, 2007

A parte que eu mais gosto nas mulheres é o cérebro

A parte que mais gosto nas mulheres é o cérebro. Não que eu fique falando na rua “Ô, cerebrão!”, ou “Hum, com um cérebro desses, não precisa de mais nada”, ou ainda “Esse é o cérebro que mamãe queria”. Não é bem assim. O cérebro não fica exposto, é impossível saber de cara como é o cérebro de uma pessoa.

Agora, quando falo cérebro, entenda-se idéias, conversa, papo. Mulher sem papo é que nem jogo de futebol sem gol, picanha sem gordura, festinha de criança sem coxinha: não tem a mínima graça. E olha que não estou falando de mulher pra namorar, pra apresentar pra mãe, pra casar. Tou falando dessas mulheres do cotidiano, do noite-a-noite, essas que a gente quer pra ter longos e duradouros relacionamentos de uma noite.

Lógico que a parte física também conta muito. A não ser que você realmente acredite em beleza interior. Pra mim, beleza interior é aquela gostosa de Ribeirão Preto que conheci semana passada. Mas, sem dúvida, ter inteligência é crucial. Não dá pra conversar com uma gata que fala “menas” ou escreve “geito”.

Eu admito, entretanto, que sou um face-guy. Sim, pra mim o rosto conta mais que tudo. Conta mais que uma bunda, uma perna, ou duas, um decotão. Eu olho no olho, e daí pro rosto, lábio, queixo. Em primeiro lugar, porque é pro rosto de uma pessoa que você vai olhar quando estiver conversando, e pressupõe-se que você tenha que conversar com a pessoa pra só depois conhecer as outras partes dela. Me chame de pudico, Jojoca ou qualquer outro adjetivo de mesmo naipe, mas não sou adepto do estilo consagrado nas micaretas “mata-leão – beijo – mão na bunda – tchau – próxima”.

Além do mais, hoje em dia é muito fácil ser gostosa: é só fazer academia, tomar duas semanas de Herbalife ou fazer a dieta da lua, das proteínas, do sapo, do kiwi, da couve de bruxelas. Já pra ser bonita, não tem jeito. E pra ser inteligente também. Estudar ajuda, ler ajuda, mas dificilmente dá pra aprender a pensar.

Enfim, um comentário inteligente vale muito mais que uma bunda. Principalmente se for acompanhado de um par de olhos verdes.

terça-feira, agosto 21, 2007

O cachorro Pavlov

O cachorro nem era dele. Era da tia Mirtes (todo mundo tem uma tia Mirtes ou eu tô viajando?), aquela que largou tudo e foi morar com um italiano gordo na Bahia. Além do marido, duas filhas e o apartamento na Heitor Penteado – “Olha essa vista, olha essa vista”, ela também largou o cachorro, um simpático Yorkshire chamado Pavlov.

No começo ele não entendeu direito porque tinha que ficar com o cachorro. Talvez tenha mencionado alguma vez em um desses eventos familiares que gostava de cachorros. Só que entre gostar e querer ter um, convenhamos, existe uma diferença enorme. Eu adoro puta, mas não quero ter uma em casa. Enfim, ele até tinha pensado em não aceitar, mas os olhos verdes das duas primas falaram mais alto. Prima não é parente, ele pensou.

E não é que o Pavlov virou um belo de um amigo? E não é que essa frase ficou uma merda? Bom, tirando a dificuldade na pronúncia, ora era Lóvi, com ênfase no i, ora era Pávi, novamente com ênfase no i, o relacionamento deles ia muito bem. O Pavlov virou desculpa pra dar perdido na mulherada – “Preciso ir pra casa, dar comida pro meu cachorro” – e pra conquistar mulheres também. É, porque nenhuma balzaquiana (as melhores, depois das ruivas e das estudantes de enfermagem) resistia ao charme mudo do Pavlov. Sem falar que o próprio nome do cachorro já era tema pra pelo menos 3 minutos de conversa.

Tudo o que ele precisava fazer era avistar uma balzaca com uma cadela pela rua e deixar o Pavlov agir. Lógico que ele aproveitava o momento e soltava frases engraçadinhas, previamente estudadas. “Se eu tivesse metade da cara de pau dele, tava feito”. Ou: “Tomara que ela seja uma cadela, senão meu cachorro virou gay”.

Até o dia em que Pavlov fugiu. Ele tinha deixado a porta aberta pra pegar o jornal, como fazia todos os dias. O Pavlov, como fazia todos os dias, ficava ali, em frente à porta, esperando. Só que esse dia ele não fez isso e fugiu. Justo o Pavlov.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Mulher na praia

Se você tem mais de 18 anos, não é nerd ou mórmon, você já viajou pra praia com mulheres que não sejam da sua família (prima não é família). É uma experiência antropológica enriquecedora. Porque é numa viagem que você repara as diferenças entre homens e mulheres.

A começar pela mala. Prum fim de semana, homem leva uma sunga, duas bermudas, três camisetas(contando a do corpo), uma cueca preta(se sujar, dá pra reutilizar), chinelo e o objeto que não pode faltar: óculos escuros. Praia e óculos escuros é uma combinação infalível, tipo Pelé e Coutinho. Voltando ao assunto, homem não leva nem meia. Pijama? Magina.

Mulher não. Mulher leva tudo. Leva biquíni de uma cor só, biquíni estampado, frente única, tomara que caia. Isso tudo pra dois dias de praia. Aí leva aquele shortinho Carla Perez, leva uma legging, caso ela queira dar uma caminhada pela orla enquanto o homem tá batendo bola com os caiçaras que, invariavelmente, vão deixar ele sem a unha do dedão.

A mala da mulher poderia parar por aí. Afinal, estamos indo pra praia. Mas, mulher pensa em tudo. E se rolar uma festa? Aí ela leva uma calça jeans, uma bata (aquele negócio que deixa toda mulher com aparência de grávida), duas camisetas, uma camisetinha, que é pra combinar com o shortinho Carla Perez, dois pares de tênis, um chinelo e um secador de cabelos. Sim, um secador de cabelos na praia. O cara já vai estar te vendo de biquíni: se ele não gostar do seu corpo, nem adianta você estar com um cabelo da propaganda de Seda Ceramydas, querida. Mas ela leva mesmo assim.

Fora que leva condicionador, shampoo, adstringente, creme pós-sol, creme pré-sol, creme durante-sol. Homem leva escova de dentes e desodorante, pois ele sabe que sempre vai ter dez tipos de shampoos pra pegar emprestado. Protetor solar? Afe.

Ainda bem que nós estamos num país tropical. Nem quero imaginar como seria a mala de uma mulher que vai pra uma estação de esqui.