O diplomata
Sabia sim todas as capitais do mundo. Suriname, Bangladesh e até Ossétia do Sul. Aliás, era um dos poucos que sabiam da existência da Ossétia do Sul.
Falava 5 línguas (todas eram latinas, mas isso não vem ao caso) com perfeição e quase sem sotaque.
Era bem relacionado.
Suas noções de direito internacional eram tantas que não poderiam ser chamadas de noções.
Sabia quando usar a palavra "bastante" no plural. E usava. Bastantes vezes.
Entendia o significado daqueles siglas que a globo colava no placar dos jogos. CAM era Clube Atlético Mineiro, por exemplo.
Fazia textos em terceira pessoa sobre sua própria pessoa, mesmo sem ter a poesia de um Pessoa.
Dormia religiosamente todas os dias com a musiquinha de abertura do Vídeo Show, o programa mais inútil da TV brasileira, depois do Arena Sportv.
Fumava mil cigarros. Bebia Coca-Cola.
E tinha um sonho. Dois, na verdade. O primeiro era não enlouquecer antes dos 50, coisa que ele achava cada vez mais difícil, sobretudo agora, que passava dias inteiros sem tirar o pijama. O segundo, e mais importante, era parar de começar frases com a letra "e".