sexta-feira, maio 26, 2006

O HOMEM DE UMA SENHA SÓ

Não dá para negar que a tecnologia faz um bem danado para nós. É lindo ver como ela facilita as coisas. Desde o bom e velho microondas até o ipod vídeo, que o cara aqui do trabalho assiste todo final de semana na sua viagem de 6 horas pro Rio. É genial. A tecnologia quase acabou com as chatisses da vida. Se não fossem as malditas senhas.

Eu sei, elas são importantes. É óbvio. Não dá para acessar seu extrato bancário só informando seu número de conta. Nem para ver seus emails só colocando seus endereço eletrônico (se bem que para enviar e receber cartas você não precisa de senha).

Mas fica quase impossível você conseguir memorizar todas as senhas que você tem na vida. Senha do cartão de débito, da sua conta na internet, senha para fazer docs. Isso num banco só. Tem também todas as senhas do seu outro banco (que você recebe seu salário), senha para entrar na internet, senha do email do uol, senha do email do yahoo (para vc conseguir seu msn, que também precisa de senha), senha do orkut, senha do site do submarino, da saraiva, da somlivre, do floresonline, senha do correio de voz do celular, do smart VR, senha para ligar o computador do trabalho, senha para ver as últimas notícias de esporte ou o guia de cinema.

Eu imagino um cidadão ideal, que conseguiu manter a mesma senha para tudo. O que é quase impossível, porque umas pedem só números, outras só letras, outras misturado, outras que você não pode usar sua data de nascimento, apelido, idade, enfim, uma completa zona.

Mas suponhamos que esse cara exista. É o cara mais feliz do mundo. Pra tudo ele tem uma única senha. Não importa o que ele estiver fazendo, não tem que pensar. Não tem que ter nada anotado. É essa senha e pronto. Você não vai errar nunca. Eu garanto que eu seria muito mais feliz assim. Até um hacker descobrir minha senha ultra secreta e destruir minha vida.

quinta-feira, maio 25, 2006

Vida de desempregado não é fácil

Olha, vida de desempregado não é mole não. Tem muita gente por aí dizendo que daria tudo pra poder ficar em casa, pra não ter que trabalhar nunca mais. Eu confesso, também sou um deles, aliás, esse meu dolce far niente (italianos de plantão, me corrijam se eu estiver errado. As aulinhas de italiano do Dante já foram esquecidas) atual é fruto dessa minha revolta com o sistema. Ficou meio marxista isso, não? Deixa assim.

Como eu dizendo, não trabalhar é ruim. Isso mesmo, não trabalhar é ruim. Quer que eu repita? Não trabalhar é ruim. Quando você trabalha, por mais que seja num lugar sem rotina, como em uma agência de publicidade (rá, essa foi boa), você já sabe mais ou menos o que esperar de um dia. Nada sai muito do esquema reunião-almoço-hum, que soninho-reunião-hora de ir embora. Imprevistos acontecem, mas a verdade é que entre 9h e 19h, você não espera muitas surpresas.

Quando você está desempregado, tudo muda. Pra falar bonito, sua vida vira um rizoma. Sem ordem, sem hora, sem começo, sem fim. Vira tudo um grande “meio”, as atividades se conectam, da mesma forma que não tem nada a ver uma com a outra. Além disso, ainda tem outra coisa importante: o tempo. Quando você, em tese, não tem nada pra fazer, você quer fazer mil coisas, pra, como dirá minha tia-avó, “fazer render o tempo”. “Nossa, são 11h30 ainda e eu já fiz tanta coisa!” É uma situação meio ilusória e tals. Você acaba se cansando mais do que quando trabalhava.

Bom, o que eu quero dizer com tudo isso, é que eu não agüento mais. Sério, minha vida tá muito ruim. Terça-feira, por exemplo. Acordei, um frio do cacete. Coloquei uma roupa por cima do pijama e fui pra faculdade. Voltei pra casa, li uns dois capítulos de um livro que comprei. Vi um pouco de tevê. Fui pra uma aula de conversação de inglês com um professor meio bichinha. Voltei,vi um documentário sobre focas no Discovery (eu não sabia que elas eram tão inteligentes), tomei um lanche com mamãe e papai, com direito a carolinas, aquele pãozinho egg e leite, sem nescau, chocolate engorda e com o frio que tava, resolvi desencanar de jogar tênis. Opa, peraí. Acho que me confundi. Acho que ia jogar tênis na segunda. Ou foi ontem? Mas ontem eu não fui na aula? O documentário era sobre focas ou sobre o WTC? O professor era bichinha ou eu que sou bichinha? Tá vendo, são coisas tão diferentes, que eu não tenho a mínima idéia de quando, como, e porque eu fiz.

Agora, to escrevendo esse texto em Word, pra depois colocar no blog. Mas, se eu quiser, eu vou almoçar e coloco só depois. Ou nem coloco. E ainda tenho toda a tarde livre. To na dúvida entre ler um livro foda ou ir a uma exposição. Ou ficar na internet bundando. Já falei que vou viajar em julho?

É, essa vida sem regras tá me deixando meio confuso. É por isso que quero voltar a trabalhar urgente. Péra: é trabalhar ou viajar que eu quero? Pô, mas eu não vou viajar em julho? Quem falou em trabalhar?

terça-feira, maio 16, 2006

Pisca agora, Gustavo Nery!

Segunda-feira, 11h30. A família Nery se reúne em torno da televisão 78 polegadas comprada pelo filhão, o Nery mais famoso. Todos orgulhosos, pois o filho-malaco vai ser convocado para a sua primeira Copa. Veio gente do interior, aqueles primos distantes, tios e o caralho. Tudo para apoiar o grande lateral esquerdo, Gustavo Nery.

O Parreira começa a falar. Lista por ordem alfabética, vê se pode? Adriano, Cafu, etc. A letra G tá próxima, logo logo eles vão abrir o tal de Chandon que eles compraram de caixa no supermercado("é caro isso daqui, hein filhão?"). O momento mais importante da carreira do atleta, a convocação para a Copa.

Ai, que emoção! Já tamo na letra D. Dida. Falta pouco, gente, falta pouco. Ô tia, traz mais uma breja aê! Digo, traz mais uma Chandon! Que cabeça a minha, tomando breja numa hora dessas!

Edmílson! Edmílson! A emoção é tanta, que os familiares comemoram todos os nomes que são anunciados. "Poxa, legal. Vou chamar o Edmílson pra ser meu companheiro de quarto. "

F. Fábio Rochemback! (enganei vocês, nem fudendo que o Fábio Rochemback ia ser convocado. Esse aí não joga nem no time de vôlei da Espm)

G. Pronto, agora é a hora. Anos de treinamento, duas condução pra ir pro treino, dormir em alojamento, momentos longe da família, viagens longas, pressão da torcida, trocedor querendo bater na gente, empresário pressionando, torcedor querendo bater na gente de novo, tudo isso vai valer a pena. Vão ser 23 brasileiros na Copa, e eu vou ser um deles. Eu vou ser um deles. Ainda bem que o Professor Parreira esqueceu daquela piscadinha que eu dei, ainda bem. Bom, o que importa é que tudo passou, vou pra Copa, vou ser valorizado, vou prum time da Itália depois, vou comer umas italianas, vou fazer a festa. Eu sou foda. Eu sou o Gustavo Nery. Vai, Parreira, pode falar meu nome. Tô esperando.

Parreira: Gilberto!

terça-feira, maio 02, 2006

Figurinhas Duplas

Copa do Mundo chegando, e eu desempregado. Resumindo: comprei o album da Copa(album tem acento no 'a' ou no 'u'?). Mais pra passar o tempo, pois, afinal, ficar assistindo "A Viagem" todo dia é dose. Aquele Téo é muito chato.

O albu é irado. Meu último albu foi o do Brasileirão 95, aquele em que as figurinhas mostravam o jogador de corpo inteiro. Era uma bosta, já que você não conseguia ver a cara do jogador. Ah, e lembro que tinha um erro: o Dodô e o Amarildo estavam com as fotos trocadas. Anyway, foi meu último, e pra variar, não completei. Aliás, acho que nunca completei um albu. Sou um merda.

Bom, a melhor coisa do albu são as figurinhas duplas. Pra quem num conhece, explico: as seleções toscas, na opinião do Sr. Panini, não têm direito a duas páginas. Com menos espaço, cada figurinha, ao invés de ter um só jogador, tem dois. Por isso são chamadas de figurinhas duplas. Cara, isso é muito sacanagem. A gente que torce pro Brasil, nunca passou e nunca vai passar por isso. Agora, pensem nas pobres almas que torcem para Angola? Ou para Gana? Ou ainda para a Árabia Saudita? Tudo bem que Angola e Gana são estreantes em Copa. Mas, e o time do grande Owairan(autor daquele golaço em 94, contra a Bélgica), como fica? Pô, a Arábia tá indo pra sua quarta Copa seguida. Certo, eles só ganharam um jogo nessas 4 copas, mas a Holanda e a Inglaterra, por exemplo, não participaram das últimas 3 Copas e mesmo assim têm direito a figurinhas inteiras.

Eu imagino o pobre Ahmed, comprando seu albinho na banca de Riad. Ele tira o dinheiro do turbante e abre todo contente a parada. Quando chega na sua seleção, a surpresa: figurinhas duplas. Isso deve ser um trauma imenso para essas criancinhas. Não bastasse o fato de sua seleção ser um lixo, ela ainda ganhou menos espaço no albu da Copa. Ponha-se no lugar dos Ahmeds, Alis e outros jovens sauditas que sofrem esse problema a cada 4 anos.

No fundo, acho que essa questão de islã x cristianismo, essa coisa de guerra santa e tals, é pura invenção. Se bobear, o Bin Laden nem existe. Os arábes fazem atentados por causa das figurinhas duplas.

Ou seja, o culpado não é o Bush. É o Sr. Panini.



Ps: a partir da semana que vem, vou escrever diversas colunas sobre futebol, e lógico, sobre a Copa. Aguardem.