terça-feira, agosto 19, 2008

O ônibus que você não pegou

O final de um relacionamento é como um ônibus que você corre, corre, mas não consegue pegar. No começo você acelera o passo, tenta pegar, vai atrás, faz de tudo. Você olha o farol fechado, acha que vai dar tempo, se enche de esperanças e corre. Mas aí o farol abre, ou o ônibus tá cheio, ou o motorista não vê você chegando e pronto: você não consegue subir. O ônibus vai e você fica.

Sua reação natural é ficar puto, gritar, xingar o motorista, achar que não vai mais conseguir viver. Você acha que perdeu seu compromisso, que não vai chegar mais a tempo, que já era. Se o tempo estiver ruim, com aquele friozinho, aquela chuvinha, e você estiver sozinho ali no ponto de ônibus, é ainda pior: capaz até que caiam algumas lágrimas do seu rosto.

Aí você vai sentar na calçada com aquele ar triste e esperar. E talvez você lembre que deixou um livro na sua mochila. E talvez você resolva abri-lo enquanto espera chegar o outro ônibus. A espera então deixa de ser triste. Quer dizer, fica menos triste. Até porque o livro que você acabou de abrir, que aqui pode ser entendido como uma metáfora da vida, não é tão chato assim. Pelo contrario, é interessante. Você nem lembrava disso e se surpreende quando percebe que pode continuar ali por um tempão, mesmo se não vier outro ônibus.

E justo quando você está entretido com o livro, mesmo com chuva, solitário e sentado na calçada suja, um outro ônibus vem. Um ônibus que não vai para onde você estava querendo ir; um ônibus que vai para outro lugar, completamente diferente, mas não menos interessante. Sem você fazer sinal, ele pára, e bem à sua frente. Então você sobe e a vida segue. Até você puxar a cordinha e resolver que é hora de descer de novo.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Decisões difíceis

Quem nunca passou por decisões difíceis na vida? Eu, por exemplo, enfrento várias, quase todo dia. Vejamos:

Campo ou praia?
Anchieta ou Imigrantes?
Mc ou Burger King?
Loira ou Morena?
Bar ou Balada?
Bar chique ou boteco?
Chope ou cerveja de garrafa?
Coca ou Guaraná?
Frango ou Massa?
Catupiry ou calabresa?
Ação ou comédia romântica?
Cinema ou DVD?
Cinema de Shopping ou cinema de rua?
Vallet ou estacionamento?
Estacionamento ou pára na rua?
Faz baliza ou procura uma vaga mais fácil?
Flanelinha ou procura uma vaga mais longe?
Um cafezinho ou uma cervejinha pro flanelinha?
Atacar Aral com 2 dados ou atacar Vladivostock com 3?
Dar uma bem dada ou dar duas quase morrendo na segunda?
Deixar pra amanhã ou pra depois de amanhã?
Academia ou happy hour?
Marginal parada ou vai por dentro, se perdendo nas ruazinhas?
Vamo no seu carro ou no meu?
Na minha casa ou na sua?
Motel ou quarto dos pais?
Ligo do dia seguinte ou não ligo?
Tomo pílula do dia seguinte ou não tomo?
Animaniacs ou Caverna do Dragão?
Mara ou Xuxa?
Coronel Mostarda com o candelabro na sala de estar ou Dona Branca com o revólver na cozinha?
Mega Drive ou Nintendo?
Luigi ou Mario?
Ken ou Ryu?
É, não ou por quê?
Linha ou melê?
Débito ou crédito?
Ruth ou Raquel?
Flora ou Donatella?
Donatello ou Leonardo?
Visa ou Master?
Comida japonesa ou mexicana?
Flores ou bombons?
Email ou carta?
Acordo cedo e fico com sono depois ou durmo tarde e fico com sono depois?
Minto ou brigo?
Lembro ou esqueço?
Beatles ou Rolling Stones?
Leandro ou Leonardo?
Rick ou Renner?
Termino essa lista agora ou deixo pra depois?

sábado, agosto 02, 2008

A cueca do número 1

Nada contra o Rafael Nadal, tenista número 1 do mundo.

Agora, o que é aquela mania irritante de ficar tirando a cueca da bunda antes de sacar?

Puta nojo. Se ele fosse jogador de futebol, vá lá. Ele poderia cuspir, falar palavrão, bater no peito e dizer "eu sou foda", xingar o juíz e tudo mais que já estamos acostumados a ver no futebol.

Mas ele joga tênis. Um esporte nobre. Tradicional.

A cueca dele é apertada? A bermuda dele é apertada? Bom, não sei. O que sei é que é ridículo ele ficar "desatolando o cachorro" a cada jogada. Tudo bem que tenistas precisam largar os estudos cedo; mas tirar cueca da bunda é dose. E não tem nada a ver com mais ou menos tempo de estudo.

Fora que ele faz cera pra sacar e ainda por cima é incrivelmente tosco em qualquer outra língua que não seja o seu espanhol.

Um número 1 não pode ser assim. É mais ou menos o mesmo que ter uma Miss Unverso que fica mexendo na calcinha ou ajeitando sutiã durante as apresentações. Ou um CEO que corta a unha na sala de reuniões ou que começa todas as frases com a palavra "tipo".

O Nadal joga muito. Sem dúvida. Mas um pouquinho de educação lhe cairia muito bem.