quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Hidro-avião

Você alguma vez já participou de uma partida de batalha-naval? Aquela em que você tem que adivinhar onde se situam os navios do oponente através de coordenadas? B6, A7, G4 e tal, certo? Ok, se você jogou ou joga muito esse jogo, deve conhecer bem os navios: submarino, couraçado, cruzador, destroyer e , entre outros, o hidro-avião, tópico desse texto. O hidro-avião é o único que se diferencia dos demais. Geralmente é o mais dificil de achar porque sua forma não é reta. Ele é assim: um ponta na frente e as outras duas pontas na diagonal, como um trângulo.

Bom, só que nesse texto aqui não vou falar sobre esse tipo de navio, muito menos sobre este famigerado joguinho. Venho falar sobre outro tipo de hidro-avião: pessoas engravatadas, com um crachá da empresa no peito, conhecidas como “firmas”, que costumam andar pela região da Vila Olímpia, Paulista e demais centros comerciais. Mais especificamente no horário do almoço.
Se você for assim, desculpe, mas é assim que eu te chamo.

Para ser mais claro, um hidro-avião é um grupo de pessoas que fecha a rua enquanto você se desespera querendo ultrapassar. Repare nesse tipo de gente andando na rua que você entende o porquê deste apelido. Bem simples. Além deles atrapalharem você, como na batalha naval, eles ainda tem o mesmo formato: 1 na ponta e dois nas verticais que podem ser variados, formando sempre o efeito pirâmide.

Para reconhecê-los é super fácil. A calçada precisa ser mínima para a falta de bom senso dos “firmas” ser máxima. Daí num espaço onde podem passar, vai, 2 pessoas, eles se amontoam numa base piramidal com um líder comunicativo na ponta. Todo “firma” tem sempre um líder comunicativo. Na maioria das vezes de bigodinho, é o cara que faz piadinha com quem entra no elevador, é o cara dos emails engraçadinhos. Ele sempre puxa o hidro-avião.

Como a calçada é pequena, ele anda na frente e quer contar algum causo para seus amigos “firmas risonhos”. Os “risonhos” veneram seu líder, sempre rindo de tudo. São sempre os Saldanhas, Almeidinhas e Serjões da empresa. Daí o líder quer falar algo para os risonhos ( a maioria das vezes o assunto é IPVA), e estes não conseguem ficar ao lado dele, devido ao tamanho da calçada. Com isso, o líder fala olhando para trás e sua velocidade diminui drasticamente. Pronto, formou-se a base dos risonhos com o líder na frente tentando falar. Aí está um hidro-avião e lá se vai a calçada.

Nisso, surge você, sempre apressado e buscando dinamismo na caminhada. O que fazer? O ideal é apertar o passo para ver se o hidro-avião desfaz aos poucos. Não adianta. Ninguém sai do lugar e a velocidade deles continua cada vez menor. Daí você tem que sair, ir até a calçada, talvez morrer atropelado por um motoboy para depois voltar e ultrapassar o grupinho. Isso quando você não tenta fazer a manobra e se depara com uma árvore. Galhos e mais galhos na cara.

Não que eu seja um tremendo de um apressado. Eu só acho que tenho o meu direito de poder andar na rua sem ninguém me atrapalhando. Os cachorros conseguem isso, eu não.Esses “hidro-aviões” não se mancam nunca. Sempre a 2 km/h, sempre esperando o sinal ficar vermelho para atravessar. Eles deveria ser banidos da sociedade. Não sabem andar na rua.

São Paulo é mesmo um lugar impossível para se locomover: se não bastasse trânsito de carro, agora também tem os de gente.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

As calças jeans

Nunca me dei bem com as calças jeans. Desde pequeno. Lembro que toda vez que ia ter um evento mais arrumado, uma festinha, um aniversário, minha mãe me forçava a usar jeans. Eu fugia. Sempre. Berrava, falava que não, me escondia. Na maioria das vezes, dava certo. Acabava saindo de bermudinha ou com alguma calça de moletom, que é muito mais confortável.

O problema da calça jeans é que ela me pinicava. Coçava. E o pior, eu não conseguia coçar de volta. Só colocando a mão por dentro da calça. Mó trabalhão. Eu ficava aflito com isso. Sentia que não podia me mexer, quase um Robocop mirim. E aí começava a suar. Muito. Porque gordinho sua pra cacete. Atrás do joelho, nas dobrinhas da barriga, em todo lugar onde tivesse um pouquinho de pele a mais. Então ficava eu, suado e sem conseguir me mexer. Ótemo.

O tempo passou, e meu asco para com a calça jeans só cresceu. No colégio, era só calça de moletom. Em casa, só bermuda. Uma vez, minha mãe quase me fez usar um fusô (lembra?). Foi por pouco.
Só sei que segui essa rotina bermuda-moletom-pijama, por um bom tempo. Até fazer uma nova descoberta. Não, não foi o sexo. Foram as calças de tectel. Cara, um novo mundo. Soltinhas, meio descoladas, em várias cores. Fora que dava pra usar em qualquer lugar. No clube, no colégio, em uma festinha. Irado. O substituto ideal para o jeans. Claro, o moletom não perdeu seu espaço. Isso nunca vai acontecer. Mas as calças de tectel vieram pra ficar.

Quando passei pro colegial, vi que todo mundo usava jeans. Menos eu. Então fiquei na dúvida, se devia começar a usar ou não. Minha repulsa era tanta, que só decidi que já estava na hora, quando passei pro 3o ano. Mas, só usei umas duas ou três vezes. Em uma festa do colégio, no meu aniversário e acho que no Reveillon. As calças de tectel e as de moletom ainda eram maioria no meu guarda-roupa. No meio delas, ficava ele, meu único jeans. No armário até que ficava bonito, por isso eu deixava ele o máximo de tempo lá.

Aí, fui pra faculdade. Pô, e faculdade é aquele esquema, com um chinelo você já tá chique. Só nas festas é que não tinha jeito. E como tinha festa toda semana, quase sempre mais de uma por semana, tinha que usar meu jeans toda semana. Mesmo assim, não comprei outros. Era aquele e pronto. Nem fudendo que eu ia gastar dinheiro comprando jeans. Pelo preço de uma calça jeans, dava pra comprar umas 8 calças de moletom, ou 4 de tectel. No final, eu não comprava nem uma nem outra. Ficava com minhas calças velhas e tava resolvido.

Foi quando apareceu meu cunhado, baixinho que só, me dando duas calças que estavam apertadas. Apertadas nele, que tinha 1,63. Imagine como ia ficar em mim, que tenho 1,73. Admito que ficaram um pouco curtas. Sabe, quando eu sento, a não ser que use meião, minhas canelas aparecem. Tirando isso, dá pra usar, sem problema nenhum.

Quer dizer, dava pra usar. Minha namorada simplesmente não tolera essas minhas calças curtas. O negócio é automático, é colocar uma dessas calças e ouvir: “Deixa eu ver essa calça! Ah, Fê, calça curta de novo?” E começa a falar que eu preciso de calças novas, que essas já estão velhas e tals. Agora, já viu quanto custa uma calça jeans nova? Só dá pra comprar quando tem promoção. Então eu continuo com as minhas três calças. A que eu comprei em 2001 e as que ganhei do meu cunhado-anão. E minha namorada continua reclamando. E minha mãe continua querendo que eu compre outras.

Fico puto quando dizem que jeans é um símbolo de liberdade. Pra mim, é símbolo de repressão.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O nome do repórter

Ontem eu estava zapeando lá pelas oito e pouco da noite, quando parei na Globo. Jornal Nacional, o William e a Fátima lá, como de costume. Nem prestei muita atenção no que eles estavam falando, pra falar bem a verdade. Acho o JN muito chato, velho, manjado, repetitivo, um saco. Mas aí entrou uma matéria de política. Com essa crise toda, todos os jornais agora só falam de política. Entrou alguém falando de Brasília, então eu resolvi prestar um pouco mais de atenção na reportagem. Vai que me perguntam sobre a situação atual, o que eu acho dessa tal lista, é bom estar informado.

A matéria era sobre o tal de Dimas, um gordão que mandava em Furnas. Eu acho que ele é inocente. Gordo daquele jeito, deve só comer o dia inteiro. E aí não sobra tempo pra subornar ninguém.

Política a parte, uma outra coisa me chamou a atenção na matéria: o nome da repórter. Sabe como? Poliana Brita. Achei engraçado, e na hora me veio um negócio na cabeça: você já reparou que todos os repórteres da Globo têm um nome estranho? Presta bem atenção. Lá em Brasília mesmo tem a Délis Ortiz. Pra começo de conversa, acho que não avisaram pra mãe dela que isso é nome. Poliana ainda é mais conhecido, tem a história daquela menina otimista e tals, mas Délis? O que é isso? Délis, ô Délis? Poxa, ela não tinha um apelido? Dedé, Lila, Lis. Qualquer coisa ia ser mais bonita que Délis. Toda vez que o William(que também não é um nome muito melhor, vamos deixar claro) chama a Délis, eu fico com muita pena dela. Sabe, um snetimento de vergonha alheia. Deve sofrer um bocado essa mulher.

E olha, não são só essas duas não. Tem mais gente. Ó, antes tinha um tal de Gudryan. Gudryan Neufert, se não me engano. Pô, pra mim, isso é nome de bolacha importada, daquelas que você compra no Freeshop, e que vem em uma embalagem bonitona, de lata, que sua mãe sempre guarda depois. Esse aí até tentou trocar de sobrenome pra ver se ajudava, colocou um Fernandes, pra ficar mais normal, mas acho que não pegou, a diretoria da Globo deve ter falado “ não, assim tá bem estranho. Pode deixar”. Outro dia mesmo ele apareceu na Record e tava lá o Neufert de volta.

Ah, na Itália também tem uma que é de matar: Ilze Scamparini. Toda vez que tem notícia do papa, ela aparece. Isso também me intriga bastante. Ela só aparece pra falar do papa? Em Roma não tem nada mais interessante acontecendo? Lá não tem furacão, atentado? Coitada, ela só fala do papa. Acho que é por causa do nome. Nome ruim, matéria ruim. Ilze. Deve fazer parte do verbo “ir”, se bobear. “Ela ilze no clube, mas a chuva não deixou.”

Mas, voltando a falar dos nomes, quem não se lembra do Silio Boccanera? Não, esse nome só pode ser inventado, não pode ser. Sílio. Será que ele tem um irmão chamado Lábio? Um primo chamado Orelha? Um tia chamada Unha? Muito estranho, acho que deu um branco no pai dele na hora de escolher o nome. Ou foi sacanagem do escrivão. Só pode.

Perto desse nomes, Washington é até um nome bonito.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

ADESIVO DE CARRO

Se coloca nessa situação: você ralou anos e anos, trabalhando muito (todo mundo que trabalha, trabalha muito), pra conseguir juntar seu dinheirinho. Depois de tanto pegar busão, você decide que está na hora de comprar um carrinho. Afinal, você já estava merecendo faz tempo e não é o Papai Noel que vai trazer um pra você.

Ok, você então escolhe um carro que caiba no seu bolso, mas que também você se identifique um pouco. Nem que seja por um dos 22 porta-trecos.

Show. Aí é hora de escolher a cor. O modelo é mais fácil porque você tem poucas opções e uma grana X pra gastar. A cor não. A cor reflete a sua personalidade. Já é outro esquema. É tão difícil que tem casamentos que já acabaram por causa da cor. Fornicou com a vizinha? Sussa. O carro é ‘vermelho-cheguei’? Quero o divórcio.

Bom, mas digamos que você conseguiu superar bem todas essas etapas. Aí vem outras preocupações: seguro, qualidade da gasolina, checar água, óleo, calibrar pneus, fazer revisão, lavar, encerar… consertar os totózinhos… Estamos falando de um investimento aí de alguns mil reais que merece todo o cuidado.

Agora, o que não dá pra entender é como alguém, que passou por tudo isso, tem as manhas de colocar um adesivo ‘O Senhor é o meu Pastor’ no carro. É pior do que tatuar isso no corpo. O corpo você ganhou, não fez nada pra ter ele. O carro não, você sabe o sufoco que passou pra comprar.

É incrível pensar que tem gente ganhando dinheiro com advesivos imbecis pra carros.

‘I (coração) Piraporinha’ – Qual o propósito desse? Que alguém de Pirapoprinha venha te dar um abraço quando você pára no semáforo? “Olha sou de Piraporinha e sempre que encontro alguém com esse adesivo dou uma barra de ouro. Tome, pegue essa”.

‘No Vaca, Yes Drop’ - Amigo, isso é um carro, não uma prancha. Se você quer que as pessoas saibam que você surfa, põe um rack. Pelo menos serve pra alguma coisa.

‘Jesus te ama’ – Se eu sou católico, religioso, eu já sei que Jesus me ama. Se não sou, tô cagando pra Jesus.

‘Consulte sempre um advogado’ – Esse dá vontade de encostar do lado e perguntar “Oi, sabe se vai chover?”. Ué, foi o cara que mandou consultar…

‘Se beber, não dirija” – Tarde demais, você já está dirigindo.

‘Projeto Tamar’ – No mínimo esse cara tem uma tartaruga em casa porque acha legal e no fundo tá só judiando da bichinha.

‘Tá estressado? Vai surfar.’ – Puxa, que boa idéia, como não pensei nisso antes no meio desse trânsito infernal?

Sem falar nos adesivos das rádios. Quem coloca um desse, não faz idéia de quanto custa colocar um anúncio no jornal. As rádios fazem a gente de besta. Enquanto empresas gastam milhões para colocar alguns outdoors na cidade, as rádios usam você como mídia ambulante. E o que é pior, fazem você ir até a peruinha delas pra colocar um adesivo e não ganhar um centavo.

Acho que adesivo de carro só deveria existir se tivesse utilidade. Como por exemplo para sinalizar quem são os motoristas ruins. Assim você evita ficar atrás deles e se estressa menos. Aliás, nesse caso, os adesivos deveriam ser obrigatórios. No dia do exame da auto-escola, quem merecer recebe o seu. “Olha, nós dois sabemos como você fez cagada. Mas como já é a 7ª vez que você está prestando, vou passar você. Só precisa colar esse adesivo no seu carro.”

Só assim pra ajudar a diminuir a violência e os acidentes no trânsito.

- “Ei, você é louco de dar uma fechada dessa???”

- “Quem está errado é o senhor. Deveria ter visto o meu adesivo…”

Pra terminar, aqui vão alguns exemplos de como poderiam ser esses adesivos.

“Meu retrovisor é enfeite”

“Tartaruga a bordo”

“Animais na pista: uma mula.”

“Tá com pressa? Me passa.”

“Carta comprada”

“Quando o farol fecha eu durmo”

“Devagar e sempre. Sempre levando buzinadas.”

“Dono da rua”

“Me ultrapassa que eu gosto”

“O carro é 88. O motorista também.”

“Seta opcional.”

“Domingueiro”

“Noiz breca mas num acelera”

“Eu paro no amarelo”

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A camisa do Robinho

Sem querer me gabar, mas acho que descobri porque o Robinho não está jogando bem no Real Madri. O problema é a camisa. Não a camisa como algo intangível. Quero dizer, nada a ver com a história, a grandeza do clube, a torcida, o status, a responsabilidade que é jogar no melhor time do mundo. Isso é frescurinha. Coisa inventada por comentarista. Não, nada a ver. O problema não é o peso da camisa. É o tamanho dela. Sério. A camisa do Robinho é muito grande. Muito grande mesmo. É largona, deve até passar do joelho. Sem dúvida, ou é G ou GG. E o Robinho é M, tá na cara, todo mundo sabe. Com aquele camisão ele perde a agilidade, a velocidade, perde o gingado brasileiro. Como o é que ele vai correr com uma mangona daquelas? Sem chance. Não dá pra jogar com aquela camisa do Vigilantes do Peso. Não dá. Ele vai tentar uma pedalada e a manga da camisa bate na perna dele. O bracinho dele, coitado, quase nem aparece. A gente só consegue ver a mão e um cotoquinho. Tudo bem, talvez a moda na Espanha seja jogar com camisa grande. Nunca se sabe, talvez essa moda chegue no Brasil no próximo SP Fashion Week. Mas acho que isso tá atrapalhando o garoto. Definitivamente. Eu, se fosse ele, não teria dúvida: depois do treino, pedia pro roupeiro fazer a barra.

São só Garotos.

Quando eu era garotinho sempre adorava receber visitas lá em casa. O motivo: caixa de bombom Garoto. A pessoa podia ser uma tia que eu não via a anos, mas bastava trazer uma caixa de bombons e eu não enchia o saco. Era meu pacto com as visitas. Até ficava amigo.

Assim, quando você é criança nem imagina que receber caixa de bombons Garoto é considerado a pior coisa do mundo. É brega, coisa de pobre, é tipo uma “lembrancinha” de quem não tava nem aí na hora de escolher um presente. Mas como eu era uma criança obesa, adorava. Visita pra mim era sinônimo de expectativa. Ficava lá, observando e comentando comigo mesmo “ o que essa velha trouxe?”, “ será que esse trouxe alguma coisa?” ou “ Putz. Garrafa de vinho? Velho burro”. Mas, graças ao bom Pai, a maioria me deixava numa outra expectativa: a “qual tipo de bombom eu vou achar aqui?”.

Afinal, caixas de bombom Garoto são um mistério e tanto. Primeiro porque uma caixinha nunca é igual a última que você comeu. Não existe quantidade certa de bombons por caixa. Vai da boa vontade do cara que montou. Tem dias que lota de bombom de côco, outros nem tanto, tem dias que você só encontra um.

Mas apesar disso, duas coisas sempre, mas sempre, desde meus tempos de garotinho, nunca mudam: uma é quantidade de bombons bacanas que têm lá dentro. O meu recorde até hoje foi um dia encontrar dois Serenatas de Amor na mesma caixa. E a outra é exatamento o extremo disso: a quantidade exarcebada de bombons Caribe e Pelé, os mais odiados por todos. Quanto mais presentes eles estão, mais indesejados. Caso ele seja tão inútil a ponto de você não lembrar, o bombom Caribe é sempre aquele que você revira para achar um outro. Na preferência a ordem é mais ou menos essa: bombons massudos estilo Serenata de Amor/Surreal, daí você vai para os medianos, os pequeninos e fim. Caribe ali com sua embalagem colorida e você nem aí. Fim. Acabou a caixa. Mesmo se o Caribe fosse massudo você o desdenharia. Não sei se é pelo gosto ou pela embalagem, mas o que mais me irrita é que eles vivem em bandos.

Em anos de bombons Garoto não me entra na cabeça porque eles continuam nessa. São tipo o Emerson da seleção brasileira: ninguém gosta mas ele tá sempre ali. Ou em outra analogia, lembra aqueles caras que nunca são chamados pras festas, mas sempre aparecem, sabe? Ficam se humilhando para participar. Era para eu ter pena, mas eu tenho raiva. Não se tocam. Ninguém gosta deles, eles não são nada queridos, mas continuam ali. Imagino até esses bombons sorrindo e curtindo com os outros, tipo “ eae galera, beleza? “ falae ITCOCO, tudo em cima?”. E ninguém dando atenção. “Oi Opereta, tá bombando isso daqui, né amigão?” . Perceba que eles são uma espécie de NERDS em festinha americana de adolescente, onde o Serenata é uma cheerleader gostosíssima. Aí no final todo mundo se dá bem e eles sobram, ficam ali jogados, sozinhos ao relento e tristes.

Para não dizer mentira, muita gente até se solidariza com os Bombons Caribe e Pelé e oferecem os coitados para adivinha quem? As próprias visitas que um dia retornam a casa com mais caixas de bombom. É cíclico. Um pensamento do tipo “ Olha, esses aqui não se adaptaram com a gente, coitados. Pega de volta”. Daí acabam virando os bombons que são oferecidos para as visitas. Ficam até guardadinhos num potinho.

Saindo um pouco do universo deles, gostaria de entender como funcionam os negócios por trás disso tudo. Porque assim, todos o bombons são da Garoto, mas as marcas se diferem, certo? Logo, creio que existe alguém responsável por cada bombom. Algum representante, sei lá. Imagina o do Caribe. Esse é um fracassado. Ele é o único cara do universo responsável por um produto que é consumido por pena. Nem o carinha que é responsável pelo Cupim nas churrascarias deve se sentir tão mal. Imagino ele numa fábrica, fazendo bombom e ligando pra Garoto. Não sei como eles lucram, não sei como não percebem que ninguém gosta, não sei de nada. Só sei que a Garoto deve curtir a idéia.

“É da Garoto? Aqui é dos bombons Caribe.”

“Ôpa…novidade?”

“Tem sim. Tô cheio de Caribe. Passei esse fim-de-semana aí a toa e resolvi fazer uns a mais”


“ Nossa!! Que ótimo. Manda pra mim que a gente encaixa eles numa caixinha. Valeu mesmo”

“Tô mandando. Ah, e vou fazendo mais, ok?”

“Lógico”

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Os palavrões no futebol

Todo mundo sabe que futebol não é um esporte, digamos assim, fino. Também, é difícil ser educado quando alguém erra uma jogada. Ou, na linguagem do futebol, faz uma cagada. Vai falar como? “Por favor, fique mais perto do adversário, senão ele vai te driblar.” Oras, é mais fácil gritar meia dúzia de palavrão que o negócio tá resolvido.

É impressionante como alguns caras conseguem xingar sua mãe, chamar você de homossexual e ainda completar com um “porra”. Tudo na mesma frase. Aliás, a palavra “porra” é usada como advérbio, conectivo, vírgula, ponto final e mais um monte de coisa. Quase como o”prego”, para os italianos. “Passa essa bola, porra”, “Porra, gente, assim fica difícil” ou ainda o mais radical (mas não tão incomum) “Vá tomá no cú, caralho. Porra”.

Mas depois que o jogo acaba, o pessoal volta ao normal. São amigos, se tratam bem. Claro, falam um palavrãzinho aqui, outro ali. Mas sem o exagero do jogo. Agora, eu fico pensando: imagina se a gente começasse a falar como se estivesse em um jogo? “Porra, seu viado, essa broca tá machucando meu dente”. Aí o dentista responderia: “Ai, que viadinho. Vou enfiar outra coisa na sua boca então!”

E na padaria. Você chega, olha para o balconista, pede 8 pãezinhos e emenda. “Dá pra por os mais moreninhos, só dessa vez, caralho?”. Mas certeza que o troco ia vir logo. “Quer receber pãozinho parado, é? Se mexe pra receber, porra.”

Talvez em casa desse um pouco mais de problema. “Passa o arroz, passa o arroz. Vá se fuder, tô pedindo o arroz faz meia hora. Tá cego?”. “ Ah, de novo essa toalha molhada na cama? Porra, faz o simples, pendura logo essa merda”. “Ai, esse brinquedo no chão, vou te contar, viu? Toda hora, toda hora!”

As crianças e os adolescentes, lógico que iam adorar. Só que em alguns lugares ia ficar feio. Na igreja, por exemplo. Em um enterro então: “Já enterrou essa merda, porra?”. Sem chance, sem chance.

Ainda bem que nós somos pessoas educadas e não falamos desse jeito. Porra, senão ia ser foda, né?

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O apoio para o braço

Andar de ônibus é um saco. Tá sempre cheio, você sempre leva uma encoxada e sempre, sempre aparece alguém que “poderia estar roubando, mas está vendendo”. Fora os itinerários ridículos, que nunca deixam você perto de onde você quer. Nunca duas quadras ou menos de caminhada. Repare.

Tudo bem, isso é ônibus municipal, de linha. Aqueles da tentativa do bilhete único. Ônibus de viagem é outra coisa. Não que seja muito melhor. Agora, tem uma coisa que é certa: ele pode estar lotadaço, mas neguinho nunca fica de pé. Vendeu as passagens, acabou. Vai todo mundo sentadinho, bonitinho e pronto.

Tá aí o problema. Manja aquele apoio para o braço que tem entre a poltrona da janela e a do corredor? Então, de quem é? É do cara da janela ou do cara do corredor? Porque toda vez que eu viajo de ônibus sempre rola uma briga silenciosa pela posse do apoio. Em tese, o primeiro que colocar o braço ali, ganha. Em tese. Na real, ali é como uma Faixa de Gaza do busão. A situação nunca tá definida. Você ganha um pouquinho de espaço, o outro contra-ataca. De repente, você se esquece e pega um livro. Pronto. Perdeu o espaço. Tem que começar tudo de novo, braço a braço, com muita paciência. Se o outro dormir, tem que aproveitar, pode ser uma chance única. Claro, tem aquela falsa dormida, onde o cara faz que tá dormindo, mas na verdade num tá. Esse é um truque antigo que ainda funciona. Você “dorme” e sem querer seu braço escorrega pelo apoio. A pessoa do lado fica meio sem graça de brigar com alguém que tá dormindo. E acaba cedendo o apoio.

Toda essa briga poderia ser evitada se alguém falasse a quem pertence aquele apoio. Simples assim.

Minhas espinhas

Eu até gosto de peixe. Sério, acho um alimento gostoso, saudável, nutritivo. Inclusive acho que é o melhor animal de estimação que existe. Ele fica lá na dele o dia inteiro, quietinho, não enche o saco de ninguém. Pode ver: o peixe quando tá com fome não dá faniquito e nem fica batendoo a cara no aquário pra chamar a atenção. Ele simplesmente não come, vira e morre. Essa é a vida de um peixe. Faz de tudo para te deixar em paz.

Pois então, os peixes tinham tudo para ser perfeitos, não fosse um pequeno e afiado detalhe: suas espinhas. Deus, por que raios os desgraçados têm espinhas? Injusto. Se eles tivessem ossos, a vida seria bem diferente. Mas não, nada no mundo poderia ser perfeito. Eles já são ótimos, algo ruim tem que ter.

Quer ver? Vai em restaurante a quilo. Tirando aquele franguinho assado nada mais vem junto de ossos, cartilagem e espinha. Só o peixe. E frango assado ainda tem o lance de ter aquele ritual de comer a coxinha segurando no ossinho. Tem gente que adora e isso passa a ser uma qualidade. Agora, perna de boi, bunda de boi, costa de carneiro, cabeça de lagosta, virilha de camelo, nada disso enche seu saco durante a refeição. Nenhum outro alimento. Só o peixe. É um sacana. Se a balança deflagrou 200 gramas de peixe, pode ter certeza: 80% é de espinha.

Aconselho a todos a nunca comerem peixe em lugares públicos. Peixe só em casa. Você senta no restaurante, feliz da vida e aquilo que era para ser uma refeição, vira um tormento. Quem não sabe que você está comendo peixe, acha você um louco doente que enfia toda hora a mão na boca e fica passando o dedo na língua.
O pior é disfarçar. Guardanapo na boca de 2 em 2 mordidas? Quer enganar quem? Nem dogão com purê suja tanto a boca assim. Ah, o guardanapo é por educação? Muy bueno, ninguém vê nada saindo da sua boca, mas vê seu prato ao lado de 67 guardanapos amassadinhos com pedacinhos de comida. Isso sim é educado.
Se é pra ferrar tudo, ferra de uma vez só, caramba.

E quando você enche a boca e de repente percebe que tem uma espinha em algum lugar? Fica a dúvida: engole o que dá até só sobrar a espinha ou enfia a mão na boca pra tentar achar a dita cuja? Você sempre opta pela primeira opção. Daí dá mais uma mordida e vê que não dá. Vai ter que usar o procedimento porcão. E até achar, lá se vão os guardanapos.Resumindo: você se enche tanto de catar espinha dentro da boca que larga uma posta inteira no prato para não fazer mais feio. Por isso que peixe é comida chique: chique não come quase nada.


E outra: nem adianta tentar tirar as espinhas ali no prato. Murphy é amigo dos peixes. Você vai encontrar uma espinha custe o que custar. É até pior tirar no prato, porque aí você se sente confiante na hora de comer e quando menos espera, tcharam, ela ta na sua garganta e você já pensa ” morri, tchau, uma espinha de 3 cm me derrubou. Eu sou um bosta.” Olha isso: os peixes conseguem ser os únicos animais que matam depois de mortos. Será que é porque a vida inteira eles são tachados de bundões? Tipo, é uma vingança divina?

Fala sério, na cadeia alimentar inteira, desde plânctons até bactérias só acontece isso com os peixes. Nunca vi um boi se engasgando com a grama ou um leão se engasgando com uma zebra. Se viesse agora um dinossauro e engulisse você inteiro, ele não se engasgaria com nada seu. É muito injusto.

O pior não é nem eles tentarem estragar sua vida de algum jeito. Duro é saber que mesmo assim, tem gente que os veneram e ainda me obrigam a “tratá-los” com um talher especial.

CPIZZA

Ninguém gosta do tema ‘política’. Isso é fato. Política é sempre isso, sempre aquilo, corrupção pra todo lado e nunca tem ninguém que preste.

Mas acontece que tem uma série de pessoas que, profissionalmente, precisam acompanhar as notícias do país. Mesmo isso sendo um saco. Não podem simplesmente chegar no escritório sem saber quanto foi desviado da última obra pública. É pior do que chegar tarde.

Com os avanços do marketing para toda e qualquer área imaginável, uma hora ia chega na política. Então resolveram tornar esse lance todo de política mais divertido de se acompanhar. E pra isso inventaram as CPIs. CPI nada mais é que um enorme jogo de tabuleiro. Um Banco Imobiliário versão Real Life.

Pra começar, estamos falando de pessoas que têm mesmo todas aquelas propriedades do jogo. Helicópteros, aviões, navios, Avenida Atlântica… Tudo de verdade.

Outra coisa é o formato do tabuleiro: não tem fim. O começo é sempre muito legal, todo mundo acha que dessa vez vai dar alguma coisa. Mas aí vem a segunda rodada, a terceira, quarta e nada… Quando vê, tá todo mundo dando volta sem chegar a lugar nenhum.

Conforme vai ficando entediante, tanto a CPI quanto o jogo, começa a rolar a palhaçada entre os envolvidos. Faz-se uma parceria aqui, empresta-se uma grana por fora alí… São esses escândalos que fazem o jogo, tal qual a CPI, ganharem fôlego pra voltar a atrair a atenção dos interessados. Mesmo assim, ambos estão fadados a voltar ao mesmo tédio de antes.

A festa só acaba mesmo quando surgem os mega endividamentos. Ir para a prisão, que era absolutamente temido no começo, passa a ser a melhor solução no final. Assim você se livra ‘legalmente’ de pagar tudo o que deve e ninguém mais lembra de você.

A única diferença entre os dois é que, na CPI, não existe sorte ou revés. Só saídas livre da prisão.

Os atores

Fui no cinema pra ver Cidade Baixa. Lá no Unibanco da Augusta. Filme nacional, todo mundo comentando (todo mundo entre aspas), resolvi ir. Comprei o ingresso, tomei uma água, “nossa, como tem gente estranha aqui”, comprei um mentos pra comer dentro da sala, que ninguém é de ferro e entrei.

Meia dúzia de trailers e uns dez “com licença” depois, começa o filme. Tudo certo, até a segunda cena. Quem aparece na tela? Lázaro Ramos. Isso mesmo, o ator que fez Madame Satã, Carandiru, Meu Tio Matou um cara, o Homem do Ano, o Homem que Copiava, entre muitos outros tantos vários filmes nacionais recentes. E, adivinhe, quem contracena com ele? Wagner Moura. Sim, o JK, que também fez quase todos esses filmes que o Lázaro fez.

Eles são o Batman e Robin do cinema nacional. Não se desgrudam nunca, e fazem muito filme. É impressionante, tirando "O Quatrilho” e “Cazuza”, eles fizeram praticamente todos os filmes brasileiros. Em uma conta bem por cima, dos últimos 20 filmes nacionais de algum sucesso, eles devem estar em uns 10 a 15. Várias vezes dá até um “deja vu”. Os mesmos atores, a mesma temática de pobreza – miséria – violência – perifereria, os mesmos diálogos. “Será que eu já vi esse filme?”

Pra mim, existem três hipóteses. Ou eles são muito bons, ou o cachê deles é muito baixo, ou o Matheus Nachtergale e o Selton Melo desistiram de fazer cinema. É, porque esse dois também tiveram uma boa época de carne de vaca. Tavam em todas.

Mas, pensando no lado deles, será que eles não se confundem? Tipo, não trocam de personagens, não esquecem em que filme estão? Sei lá, no meio do filme eles esquecem quais personagens estão interpretando. “Diretor, esse aqui é Carandiru, né?” “Hum, acho que eu já fiz essa cena em O Homem que Copiava. Ou foi em Meu tio Matou um cara?

Deve dar um baita nó na cabeça deles. E na nossa. Porque eu não aguento mais olhar pro Lázaro Ramos e ver o Madame Satã. Não aguento.


Luiz Felipe Pereira usa muito sua carteirinha de estudante

Vale a pena mudar.

Recentemente passei por uma daquelas mudanças pequenas de um apartamento para outro. Pequena porque acredito que existem tipos diferentes de mudança. Mesmo bairro, tirar um móvel aqui, outro ali, mudança pequena. Sair de cidade, vender tudo, comprar coisas novas, mudança grande. Já a minha era daquelas tão pequenas que carreto só é necessário se você não tem saco de levar uma cama nas costas. No meu caso, eu não tive foi costas mesmo. Tudo correu bem, foi barato, rápido e, como sempre, alguns móveis riscaram. Aliás, é incrível a capacidade que esses carretos têm de só riscar as partes dos móveis que ficam expostas para todo mundo perguntar: Por que você não levou a pé? Certeza que não iria riscar.

Bom, e foi após essa mudança que eu percebi uma coisa: somos extremamente dependente de coisinhas, parafusinhos e cabinhos para vivermos melhor. Na boa. Coisas que você na hora da mudança nem pensa em guardar, mas depois que muda para um novo local percebe o quanto aquilo era importante. Assim, não dá pra abir lata com o dente, nem lavar roupa sem um cabinho que sustenta o varal, muito menos ver Tv sem aqueles fios todos. E sim, você vai encontrar função para aqueles adaptadores de antena. E benjamin? Guarde todos eles, se quiser continuar sendo alguém.

Mudar de apartamento realmente é um recomeço. O que era um armário agora é só madeira e parafuso. A sua vida realmente muda de verdade. Quer um baita exemplo? Programação de Tv. Como eu não me precavi com tanto detalhezinho, fiquei sem antena coletiva. Para pagar esse pecado grave que cometi, alguém lá de cima me deu direito às programações de Tv Aberta. Nada de Globo, Sbt, Bandeirantes. Isso tudo é luxo. To falando é daqueles Rede Vida, Canal 21, Tv Mulher e outros milhares de canais tranqueiras que não sei como pegam melhor que os canais convencionais. Vai entender os milhões gastos em qualidade do sinal.

Bem, como à noite preciso de um estímulo para pegar no sono, costumo ver um pouquinho de TV antes de dormir. Por enquanto, a Globo é campeã de me deixar palitinhos nos olhos. Imagina então esses novos canais tranqueiras, foi o que pensei. Grande equívoco. Nunca demorei tanto para pegar no sono. Gente, esses canais são o máximo. Ninguém repara neles, coitados, mas são tudo de bom. Mudaram minha vida.

Sério, se você acha que programa de ação é esse tipo de seriado bobo com um negão e um branquelo virando dupla policia, é porque nunca viu os programas de produtos que existem por aí. Aqueles estilo George Foreman Grill, Auri Shine, meias vivarina, sabe? Aquilo sim é emocionante. Pra não dizer humilhante.

Repara só. Não exitem mocinhos e bandidos. Mas existe os espertalhões e os babacões. Cada um tem um grupo. Daí chega o apresentador, que está no grupo dos espertalhões, e promove uma espécie de competição entre as pessoas. Algo do tipo quem faz mais rápido algum tipo de coisa. Os babacões são sempre os caras que usam outro produto que não seja o anunciado. E daí começa a humilhação.

- Ôpa, parece que meu churrasco está pronto. E o seu Alaôr?
- Nossa, o meu nem começou a esquentar.
- Olha lá, hein. O seu pessoal vai ficar com fome.

Aí o que perde fica desesperado se lamentando. Afinal ele é um babaca. Não usa o produto anunciado.

- Ô Alaôr, desse jeito o pessoal vai embora do seu churrasco - fala o apresentador depois de retirar um imenso e suculento pedaço de carne do ultra mega super cozinhador de carne.


Por que ele não usou o produto certo, meu Deus? É tão prático, econômico. Seria ele um dinossauro do churrasco? É o que parece. Nesse momento, as pessoas que estavam no grupo do Alaôr vão pra mesa do apresentador. Olha a que ponto chegamos. Um pedaço de carne mais rápida e ganhamos um rapaz humilhado que tinha boa vontade de servir os amigos. Quer dizer, ex-amigos.
Amigos de verdade tem o cara que usa o produto. Claro, ele é muito mais esperto, seguro de si, confiante. As pessoas precisam disso num amigo. Não um cara que leva 10 minutos assando uma linguiça. Esse já era.


Isso sim é algo legal pra se ver na TV. É muito mais a vida real. Que graça tem você se interessar por um carinha que resolve todos os problemas do mundo, explodindo o mundo? Você nunca vai ser assim. Mas você pode ser o cara da churrasqueira moderna. Você pode causar frisson assando uma linguiça. Nada de explosões, sangue,manchas. Até porque, existe uma camada de gordura não deixa isso acontecer.

Este tipo de programa consegue reunir todos os pecados capitais ao mesmo tempo: inveja, ira, gula, cobiça, luxuria e por aí vai. Tá tudo ali. E se é pecado capital, vale o nosso interesse.

Bom, minha TV voltou a funcionar normalmente. Nada mais tem graça. Cadê o pessoal competindo pra ver quem limpa mais rápido o carro? E o babaca que não consegue dormir porque não usa o tal travesseiro? E a espertalhona que está cheia de amiga porque consegue limpar a casa rapidinho. Eu precisso desse tipo de coisa. Isso me faz feliz. É a desgraça real das pessoas. Somos movidos a isso, caramba. É muito bom ver o cara se contorcendo de ódio porque não quis gastar míseras 3 parcelas de R$ 78,90 para um óculos que não deixa passar nenhum raio infravermelho. Agora tá lá, com o olho todo ardendo enquanto o amigão desfila cheio de loiras dos anos 80.

E você perdendo tempo com a “vida real” do Big Brother.

Os lançamentos da Blockbuster

Todo mundo que curte alugar um DVD, um VHS(eles ainda existem?) é sócio da Blockbuster. Tudo bem, quase todo mundo. É, tem muita gente que ainda se mantém fiel às locadoras de bairro, de clube. Com certa razão. Elas são mais baratas, e com essa onda de marketing dominando todas as áreas, várias delas estão inventando promoções, tipo pegue hoje devolva daqui a dois dias, leve mais um filme e ganhe mais um dia, essas coisas. Tem até locadora delivery.

Bom, o fato é que a Blockbuster domina esse mercado. Tá, tem a 1001, a VideoNorte e mais umas outras um pouco grandinhas também. Mas a Blockbuster é a bam-bam-bam desse mercado, desde a inauguração daquela loja lá na Pedroso Alvarenga com a Renato Paes de Barros. Infelizmente. Porque parece que eles não querem ser líderes. Não sei, acho que eles fazem de tudo pra irritar os clientes. Pode ser mania de perseguição, sociopatia, mas ninguém consegue tirar essa idéia da minha cabeça. Eles não gostam dos clientes. E o que é pior, ainda adoram tentam enganar a gente.

Vejamos. Você já reparou que na loja inteira só tem lançamentos? Incrível. Você entra, a atendente te dá aquele boa noite forçado (acho que nunca fui em uma Blockbuster de dia, por isso, só ouço boa noite). Até aí, tudo nos conformes. O problema é o passo seguinte. Você mal entrou na loja e vinte cópias do último lançamento aparecem na sua frente. Todas já alugadas, lógico. Eles podem ter mil cópias de um filme e todas vão estar alugadas. É fato, meu amigo, nem adianta tentar entender. Tudo bem, você não queria ver aquele filme do mesmo diretor de “Sinais”. Aí você anda mais um pouquinho e outras 15 cópias de mais um lançamento. E depois outras várias cópias de vários lançamentos.

Mora aí o perigo. Tirando “O Quatrilho” e “Kill Bill 1”, tudo pra eles é lançamento. Não adianta nem discutir. O filme saiu dos cinemas há quase um ano? É lançamento, sem dúvida. Só na sua casa você já viu esse filme umas 3 vezes, mas ele continua lá. Lançamento. Aquela baita etiquetona. E várias cópias do lado.

Eles não têm vergonha não? Você pensa em um filme e ele tá lá, todo gostosão, na seção de lançamentos. Adeus Lenin? Lançamento. Os Incríveis? Lançamento. Dogville? Lançamento. O que eles acham que é lançamento? Gente, depois de um, dois meses estourando, já não é mais lançamento. Tipo, lançamento é quando acabou de sair. Se não acabou de sair, já não é mais lançamento. Ou tô enganado?

E tem mais, você chega lá na loja com um filme na cabeça. Mas é só dar de cara com aquele monte de lançamento, que você esquece o nome do filme que queria alugar. Ou pior, o filme que você queria é um “lançamento”. Aquelas paredonas cheias de caixinhas vazias. Mas é lançamento, você tem que pagar mais. Afinal, lançamento é lançamento.

Curioso é que na sessão de ação tem uns 10 filmes. Na de aventura, que é ali do lado, uns 12. Na de comédia tem um pouco mais, uns 20, americano adora comédia, e se é bom pro americano, é bom pro brasileiro. Mas na área de lançamentos é diferente. Tem sempre umas 100 opções de lançamento. Impressionante como a gente tem opções. Desde que seja lançamento. E desde que você devolva até as 20h do dia seguinte, pra pegar o desconto de R$1,50. Sabe como é, né? Lançamento custa mais.


Luiz Felipe Pereira queria ser cinéfilo.

QUARENTA E DOIS

- Oi, eu queria experimentar esse tênis aqui...

- Qual o tamanho?

- 42.

- 42? Hum... Só um segundinho que eu vou dar uma olhada no estoque.

A princípio imagina-se que o cidadão (ou cidadã) irá até um quartinho chamado ‘estoque‘ para procurar seu tênis no meio de um monte de caixas empilhadas. Mas isso a princípio.

Porque eu não acredito que o estoque seja só isso. Não pode ser. Se fosse só isso mesmo, não teria como demorar tanto a busca pelo 42. É 42, tem muita gente que calça 42. Os 42 não podem viver tão escondidos assim. Se fosse 46, até dava pra entender. Mas o 42 não.

Durante a espera, dá pra imaginar como funciona esse tal de estoque. O óbvio seria pensar num quartinho minúsculo, com um monte de caixas empilhadas e organizadas com quase nenhum espaço pra andar. Mas aí não faria sentido demorar tanto.

Então imagino que o estoque seja um quartinho realmente grande. Grande mesmo. Com espaço de sobra. E quando tem espaço de sobra, você sabe como é, vira bagunça. Não tem jeito. Caixas jogadas pra cá, outras pra lá. Masculino na caixa de feminino, Nike na caixa de Topper, 42 na caixa de 38, 38 na caixa do ventilador, enfim, uma zona.

Às vezes acho que o estoque pode ser bem diferente disso tudo. Vejo até como uma espécie de sala dos professores. Uma sala que os vendedores só podem frequentar quando estão atendendo um cliente. Aí aproveitam pra comer uma bolachinha, tomar um café, fumar um cigarro... É o ‘cinco minutos’ de descanso deles. Ligam pra casa, pra namorada, pros amigos. Não duvido nada que role também umas partidas de poker. Qual a aposta? O seu número. Quem perde, não pode fazer a venda. O tênis até está lá, guardadinho, bonitinho. Mas por causa de uma maldita aposta, você vai voltar pra casa com um mais feinho.

Isso quando o cara não chega no estoque, encontra o tênis, vê que é o último, prova e decide ficar com ele. Afinal, ser um vendedor de tênis tinha que ter alguma vantagem.

Agora, pode acontecer da loja não ter o tênis mesmo. Bom, nesse caso imagino que os infelizes saiam da loja numa boa pra ver se tem na loja do lado. Na moral. Bom, quem é que nunca viu um vendedor uniformizado andando apressado pra lá e pra cá num shopping? É uma dessas coisas do submundo das lojas de tênis que a gente não faz idéia que acontece.

E mesmo assim não encontra.

- Olha, o 42 daquele lá não tem mais.

- Humm... E tem previsão pra chegar mais?

- Não, esse aí não vai chegar mais não.

Ah não? Como não? Então quer dizer que uma equipe passa horas desenvolvendo um design diferente, para ser aprovado com enorme sufoco, acredito eu, pela marca, depois muda toda uma estrutura de fabricação, pra fazer meia dúzia de pares e nunca mais fabricar? Aqui, farroupilha.

- Mas tem esse outro modelo aqui, no tamanho 42.

Como assim? Se eu quisesse ver esse, eu teria pedido. Eu quero o outro. O senhor está querendo me entuxar um tênis?

- Deixa eu experimentar... Ficou bom.

- É até mais barato que aquele outro.

- Vou levar.

O lugar das tatoos

Olha, nada contra tatuagem. Pra ser sincero, tô até pensando em colocar uma pigmentaçãozinha na minha pele. Nada pra agora. São apenas idéias que passam pela minha cabeça.

O que é engraçado das tatuagens é o lugar onde elas são feitas. Não o estúdio, a parte do corpo. Nos homens, pelo pouco que eu costumo reparar em homens, rola uma variação. O braço ainda é o lugar mais escolhido, principalmente pelos pitboys ou ratos de academia. Dragão, cobra, símbolos celtas, coisas dos gêneros. Depois do braço, as costas. Na praia, ou quando alguém tem a brilhante idéia de usar regatas, dá pra comprovar isso. Tem também gente que faz na batata da perna, na barriga, no peito, e alguns um tanto quanto desprovidos de massa encefálica, chegam a fazer no rosto, né Mike?

Já as mulheres parecem que não tem muita criatividade pra isso (elas têm milhões de neurônios a menos, não as culpo). De duas uma. Ou é nuca ou é aquela partezinha logo acima do cofrinho. Repare. Se bobear, você mesma tem tatoo em um desses lugares. Seria tão melhor se as mulheres começassem a variar, não seria?

A tatoo do pescoço, a não ser que a mulher seja a Sinead O’Connor, sempre fica escondida. Só aparece quando as mulheres fazem rabo de cavalo. E aí não vale. Não adianta nada mostrar a tatoo quando se está com rabo de cavalo. Depois da bata, o rabo de cavalo é a coisa mais anti pau-durecência que já inventaram. Ele praticamente anula o efeito da tatuagem, quando não deixa o placar negativo. A saída é aquela jogadinha de cabelo, mas eu duvido que as mulheres queiram ficar o dia todo jogando o cabelinho pro lado. Isso só acontece nas propagandas de Seda Ceramidas. Ou seja, as tatuagens da nuca são feitas pra não aparecer.

No cofrinho, com o perdão do imperdoável trocadilho, o buraco é mais embaixo. Além de ser mais charmosinha, ela ainda costuma ficar aparente com frequência. Ali é uma região mais, digamos assim, mostrável. Biquininho, blusinha, camisetinha, top, top-less. Ainda mais quando a calça é de cintura baixa (palmas pra Gang). Ela aparece, e fácil, fácil. Fora que alguns movimentos potencializam essa tatoo. A tradicional pegada de caneta, sempre presente em trotes de faculdade naipe ESPM, onde as minas vão bebaças fazer essa prova, é um belo exemplo. A florzinha ou o anjinho ou a estrelinha (mulher não tem muita dúvida na hora de escolher o desenho, né?) quase saltam na sua cara. E quando a mina vai sentar então, nem se fala. As calças de hoje teimam em descer. Não importa se a mina senta de perna cruzada, perna de índio, não importa. A calça sempre dá uma mãozinha, ou melhor, um cofrinho. Mas, mesmo assim, é um lugar-comum. A tatoo feminina tá pro cofrinho como o a lambança tá pro Junior Baiano.

Tô pra ver o dia em que essa situação vai mudar. Imagina só: tatoo no peito. Não no peito, peito, perto do bico. Ali, meio colo meio peito, que dá pra ver quando o decote tá nos trinques. Ia unir o agradável ao mais agradável. A paixão nacional número dois, o decote, e a tatuagem, que sempre dá um charme a mais para os lugares em que se instala. Aquela sempre perigosa e proibida olhada pro decote ia ficar ainda mais desejada. Sem dúvida. Já que a chance de ver um mamilo é muito pequena (apenas fotógrafos experientes que trabalham na seção “Click” são capazes dessa proeza), pelo menos teremos a chance de ver um desenhinho. “Ah, aquela estrelinha no peito. Dilícia”. Pras mulheres, serviria também pra distrair a atenção dos homens a um fato muito comum: peitos de tamanhos diferentes. Quase todas tem, mas, nós quase nunca notamos. Tá aí, tatugem no peito. Tomara que essa moda pegue no próximo verão.

Dessa vez a culpa também foi minha.

Legal, agora eu assumo. Eu também ajudei a criar esse treco aqui. E se não fosse pela minha insistência, isso daqui não seria mais um daqueles blogs que infestam a internet e poucos conhecem. E os que conhecem nunca comentam.

Sei disso, não serei hipócrita. Sou um blogueiro nato.Já participei de vários e sei que o ramo não é nada fácil. Mas mesmo assim surgiu a minha vontade de dar novamente murro em ponta de faca. Aliás, blog é quase que nem comprar moto: você fica com a idéia na cabeça, idealizando um mundo de coisas e do nada você vê que é cagada. Bem do nada mesmo. Para vocês terem uma idéia, todo fim-de-semana me dá vontade louca de comprar uma moto. Não sei se é pra escapar do trânsito ou pelo vento no rosto ( que de vento não tem nada, porque você vive de capacete). A questão é que Domingo é dia de comprar moto e o resto da semana é a época de desistir da idéia. Só espero que não aconteça o mesmo com isso daqui.

Bom, por enquanto tô com aquela sensação de "agora vai". E vai. Estou sendo bem otimista. Afinal, o Lui faz USP e sabe escrever em russo como ninguém e o querido Ditchos faz tudo melhor que eu. Acho que o problema dos outros blogs era minha mania de escrever hahahahahahah, bju, FaNtAsTiCo e coisas do tipo. Dessa vez vinga.

domingo, fevereiro 12, 2006

O show vai começar

Minha namorada diz que eu tenho um olhar meio de criança. Tipo, vejo um cachorro e falo: "au au, au au". E também, de vez em quando, pego um nome qualquer, como Marcos, e fico repetindo: "Marcos, marcos, marcos, marcos", até esse nome perder todo o sentido, manja?
Outras vezes, falo coisas sem nexo para as pessoas. por exemplo: "Ow, ontem fui trabalhar de segunda".

Enfim, sou uma pessoa normal.

O Saraiva eu conheci no BBB3. O Mauricio eu conheci no Madame Satã.

Não amo eles. É só carnal mesmo. Tesudinhos da mamãe.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

COMEÇANDO DO COMEÇO

Isso tudo não foi idéia minha. Já vô logo avisando. Primeiro foi o Lui, que resolveu escrever uma crônica. Não sei da onde ele tirou isso. Talvez do Dú, que sempre falava "Luiz, esse é o texto ou esse é o título?" Depois veio outro texto e mais outro. Aí, obviamente, o carioca se interessou. Se o Luiz faz texto, ele também tinha que fazer. E já foi logo querendo criar um blog. Nem texto tinha. Mas se a gente tivesse um blog, ele ia fazer os textos.

Sem blog, sem crônicas do carioca e com uma tarde numa loja de tênis, um dia eu apareci com um textinho. Fiz de propósito. Sabia que se eu aparecesse com um textinho, o carioca ia dar faniquito, ia escrever o dele e, o mais importante: ia sair atrás do blog.

Dito e feito.

Quem vai ler, a gente não sabe. Mas já que ninguém lê os textos que a gente faz em propaganda, quem sabe não pode dar uma chance pra esses daqui?