Dúvida
- Como era mesmo o nome dela?
- Ana.
- Ana?
- É, Ana, já falei.
- Ué, achei que fosse Bia.
- Não, Ana. Bia é a irmã.
- Irmã? Qual? Aquela loirinha que tava ao lado dela?
- É, essa mesmo. A loirinha.
- Ah.
- Mas porque a curiosidade, hein?
- Nada.
- Sei.
- É, tô falando. Nada. Só queria lembrar o nome dela. Ana. Bonito nome.
- Xiii, apaixonou, é?
- Magina.
- Pode falar, deu pra perceber.
- Tá.
- Tá o que?
- Apaixonei.
- Pela Ana?
- Não, pela Bia.
- Pela Bia? Como assim?
- Ê, anta. Lógico que foi pela Ana, pô. Você sabe, eu adoro loira.
- Ow, mas a loira é a Bia.
- É?
- É, pô. Cabei de explicar. Ana é a morena. Bia é a loira.
- Não era o contrário?
- Não, não era. Ó: Bia, loira. Ana, morena.
- Ah.
- E então?
- Então o que?
- Você tá apaixonado ou não?
- Hum, agora eu não sei. Fiquei na dúvida. Gostei do nome.
- Qual nome?
- Ana.
- Como assim “gostei do nome”? Desde quando você se apaixona assim por um nome? Você tem o que, 12 anos?
- Sei lá desde quando. Mas eu gostei desse. Ana.
- Cara, sem sacanagem: é um puta nome normal, que que cê viu de diferente nele?
- Ah, não sei, cara. Acho que esse nome tem um charme.
- Que charme?
- Um charme. Não sei explicar. Charme....é charme.
- Cara, Ana só não é mais comum que Maria. Ouve o que eu tô falando. Não tem nada de especial.
- Claro que tem. Vai, deixa de causar problema e me ajuda.
- Tá, tá bom. Que ajuda você quer?
- Pra escolher.
- Escolher o que, cara?
- Escolher entre as duas.
- Que duas? A Ana e a Bia?
- O que que a gente tava falando até agora, hein?
- Ê, calma lá, nervosinho. Só fiquei confuso com essas suas indas e vindas aí, meu.
- Ah, desculpa. É que eu tô muito na dúvida mesmo.
- Bom, mas você não gostou da Ana?
- Gostei. Do nome dela. Ana.
- Tá, isso eu já sei. Mas o que você gostou da outra?
- Da Bia? Ah, do cabelo. Ela é loira, você sabe...
- Você tá na dúvida entre um nome e um cabelo? É isso mesmo?
- Acho que é.
- Cara, você é doente.
- Eu sei. Mas e aí? Qual das duas eu escolho?
- A psiquiatra.